Os leitores Miguel Farinha e Álvaro Banaco viram estes dois insectos em Cantanhede e em Vila do Bispo e pediram ajuda para saber a espécie. Sílvia Pina responde.
Miguel Sardinha encontrou esta espécie a 30 Maio de 2020, na Pocariça/Cantanhede. “Estava enterrado a mais ou menos 30cm de profundidade. Move-se como um articulado de um camião e é bastante rápido a deslocar-se”, escreveu à Wilder.
Álvaro Banaco encontrou “um animal que não consigo identificar” numa caminhada por Vila do Bispo, perto da praia da Salema, a 28 de Fevereiro, contou-nos. “Apesar de lhe ter pegado, ao contrário das fotos que vocês publicam, foi para o tirar do alcance da minha cadela que ficou curiosa com ele. O animal ficou bem.”
Tratam-se de ralos-das-vinhas (Gryllotalpa vineae).
Espécie identificada e texto por: Sílvia Pina, investigadora no Tagis e na Lista Vermelha dos Invertebrados de Portugal Continental.
O inseto fotografado pelo Miguel Farinha em Pocariça/Cantanhede é uma fêmea e o inseto fotografado pelo Álvaro Banaco perto da praia de Salema é um macho da mesma espécie: Gryllotalpa vineae, o ralo-das-vinhas.
Ao contrário de outros ortópteros, a distinção entre macho e fêmea é feita pela observação da nervação das asas anteriores. Nos machos é bem visível uma célula de forma mais ou menos triangular, a célula arpa, que faz parte do aparelho de produção de som.
Esta é uma espécie comum em Portugal e nesta altura do ano, em que o solo está húmido e as temperaturas começam a aumentar, é possível ouvir o canto dos machos.
Começam a cantar no início da noite, a partir de tocas que escavam no solo e que são autênticas camaras de ressonância que amplificam o som.
Quando observarem no solo dois buracos juntos, é muito provável que seja uma toca do ralo-das-vinhas.
Agora é a sua vez.
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