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Foto: Manuel Piteira, José Macau

Siga este roteiro pelas 10 candidatas a Árvore do Ano em Portugal

20.12.2021

Quais serão as magníficas árvores da 4ª edição deste concurso? Siga este pequeno roteiro sugerido por Carine Azevedo, seja online seja numa viagem pelo país, e descubra o que torna únicas cada uma das concorrentes.

A nomeação destes dez exemplares para o concurso de Árvore do Ano 2022, num processo organizado pela UNAC – União da Floresta Mediterrânica, teve por base um conjunto de critérios: biológicos, estéticos, dimensão e históricos ou tradicionais.

Destacam-se as árvores monumentais – verdadeiros monumentos vivos – como um importante património natural e cultural que deve ser protegido e admirado. Ao contrário de outros concursos, neste não importa tanto a beleza, o tamanho ou a idade da árvore, mas sim o conjunto, a história e a relação com as pessoas e as comunidades.

A árvore vencedora do concurso nacional, que se realiza até dia 5 de Janeiro, representará o nosso país no concurso europeu ‘European Tree of the Year 2022’.

Vamos fazer uma pequena viagem pelo nosso país, seguindo de norte para sul, para conhecer melhor cada uma delas. Começamos pela região Centro, com seis candidatas:

1. Plátano Gigante da Quinta de Fôja

Distrito de Coimbra

Coordenadas: 40°11’30.92″N 8°42’59.30″W

Foto: Quinta de Fôja

Trata-se de um plátano-vulgar (Platanus x hybrida), uma espécie exótica, da família Platanaceae. Esta espécie é um híbrido artificial obtido do cruzamento de duas outras espécies de plátanos: P. occidentalis e o P. orientalis.

O “Plátano Gigante da Quinta de Fôja”, com 263 anos, foi uma das primeiras árvores do género a serem plantadas em território nacional e pode ser visitado na Quinta de Fôja, freguesia de Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz, Coimbra.

Destaca-se pelas dimensões excepcionais, tanto em altura como em largura, este espécime tem 34 metros de altura e 9,65 metros de perímetro de tronco e foi classificado, pelo Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), em 1939, como “Árvore de Interesse Público”.

2. O Esconderijo

Distrito de Coimbra

Coordenadas: 40°11’18.2″N 7°53’28.9″W

Foto: Bruno Henriques da Silva

O “Esconderijo” é um castanheiro (Castanea sativa), com 800 anos, uma espécie nativa, da família Fagaceae e pode ser visitado na freguesia de Fajão-Vidual, Castanheira da Serra, Pampilhosa da Serra, Coimbra

Este castanheiro terá sido plantado no século XIII, e insere-se num imponente souto de castanheiros seculares que rodeiam a pequena aldeia de Castanheira da Serra. Terão sido todos plantados na mesma época pelos religiosos Crúzios, do Mosteiro de Folques (Arganil).

Este imponente castanheiro tem atualmente 30 metros de altura e 10 metros de perímetro de tronco. É carinhosamente conhecido como “Esconderijo” por ser assemelhar a uma “casa”, além de servir de esconderijo às crianças que brincaram naquela pequena mata, ao longo de várias gerações.

Neste souto existe um outro exemplar com 800 anos, classificado como “Árvore de Interesse Público” desde 2012.

3. Guardião d´El Rei

Distrito de Leiria

Coordenadas: 39°45’14.4″N 8°56’46.9″W

Foto: Centro Pinus

O “Guardião d’El Rei” é um pinheiro-bravo (Pinus pinaster) de grande porte, com 25,2 metros de altura e 2,85 metros de perímetro de tronco. Tem 200 anos e vive na Mata Nacional de Leiria, no talhão 234.

É uma espécie resinosa, nativa, da família Pinaceae e foi reconhecida, em 2011, como “Árvore de Interesse Público”, pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

O Guardião d’El Rei é um exemplar isolado, antigo habitante da Mata Nacional de Leiria, que tem resistido a inúmeros desafios ao longo dos seus 200 anos de vida – o último dos quais o grande incêndio de 2017, que devastou esta magnífica área florestal. É por isso visto por muitos como  símbolo de  “esperança, resiliência e renascimento do Pinhal de Leiria”.

4. Magnólia do Jardim da Casa da Criança D. Leonor

Distrito de Leiria

Coordenadas: 40°00’19.6″N 8°12’35.3″W

Foto: Filipe Lopo

A “Magnólia do Jardim da Casa da Criança D. Leonor” (Magnolia soulangeana) é um magnífico exemplar desta espécie, com 80 anos de vida, oito metros de altura e 3,20 metros de perímetro de tronco. Possui uma copa florida deslumbrante, com cerca de seis metros de diâmetro.

Este exemplar encontra-se no Jardim da Casa da Criança Rainha Dona Leonor, em Castanheira de Pera, Leiria. Este jardim foi visto noutros tempos como um dos mais belos do país.

A magnólia é uma espécie exótica, da família Magnoliaceae, que floresce exuberantemente no início da primavera.

Pela esplendorosa floração primaveril, de flores arroxeadas, este exemplar em particular é visto como um monumento natural de grande beleza por todos os que o visitam.

5. Oliveira do Mouchão

Distrito de Santarém

Coordenadas: 39°28’23.6″N 8°04’51.4″W

Foto: Serviço de Comunicação – Câmara Municipal de Abrantes

Trata-se de uma Olea europaea subsp. europaea var. europaea, espécie da família Oleaceae, e é o exemplar mais antigo a concurso.

De acordo com os registos atuais, a “Oliveira de Mouchão” é a árvore mais antiga da Península Ibérica e uma das árvores mais antigas do mundo. Tem 3.350 anos, 11 metros de altura e 7,5 metros de perímetro de tronco. O seu tronco oco, com mais de três metros de altura (até às primeiras pernadas), serviu de abrigo, esconderijo e fez parte das brincadeiras de muitas gerações de crianças que por ali brincaram.

Foi testemunha das vivências de muitos povos (celtas, lusitanos, celtiberos, romanos, visigodos, árabes e muitos outros) que por ali passaram ao longo dos seus três milénios de vida. E apesar da idade avançada continua a produzir azeitonas.

Foi classificada como “Árvore de Interesse Público” pelo ICNF, em 2007, e pode ser visitada na freguesia das Mouriscas, Abrantes.

6. Melaleuca Armilaris da Quinta das Pratas no Cartaxo

Distrito de Santarém

Coordenadas: 39°10’12.6″N 8°47’48.3″W

Foto: Alicina Mil-Homens

Vulgarmente conhecido como Árvore-do-chá (Melaleuca armillaris), da família Myrtaceae, este exemplar centenário pode ser visitado no Complexo da Quinta das Pratas, Cartaxo, Santarém.

A “Melaleuca Armilaris da Quinta das Pratas no Cartaxo” está classificada como “Árvore de Interesse Público” desde 2005. Tem 112 anos, mede 9 metros de altura e 6 metros de perímetro de tronco.

Esta árvore exótica, de flores brancas e delicadas é sem dúvida uma escultura natural. Com uma dimensão extraordinária, muitos dos seus ramos, que se assemelham a grandes troncos, deslizam pelo chão num raio de 10 metros, circundante ao tronco principal que se eleva a pouca altura do solo, formando uma copa densa e baixa que terá servido de abrigo a muitos que por ali passaram no último século.

Seguimos agora para sul, para conhecer a única candidata alentejana:

7. A Sobreira Grande

Foto: Manuel Piteira, José Macau

Distrito de Évora

Coordenadas: 38°45’44.94″N 7°49’39.05″W

A “Sobreira Grande” é um sobreiro (Quercus suber), uma espécie da família Fagaceae. O sobreiro é uma espécie nativa da flora nacional.

Este exemplar tem 250 anos, mede 12 metros de altura e 6,06 metros de perímetro de tronco. Está localizado em propriedade privada, em Vale do Pereiro, no Concelho de Arraiolos.

O que melhor define esta árvore emblemática, além da sua longevidade e porte, é sem dúvida o diâmetro de tronco e a sua copa surpreendente. São precisos quatro homens adultos para conseguir abraçar o tronco desta magnífica árvore.

Apesar da idade continua a ser descortiçada regularmente. Cada sobreiro vive em média 150 a 200 anos, o que quer dizer que pode ser retirada cortiça cerca de 15 vezes. Neste caso, já lá vão 26 extrações, que acontecem de nove em nove anos.

Passamos ao Algarve, onde estão a concurso duas oliveiras milenares:

8. Oliveira Milenar

Distrito de Faro

Coordenadas: 37°09’31.2″N 8°27’31.4″W

Foto: Lauren Miller / Justen Scheefer

A “Oliveira Milenar” (Olea europaea subsp. europaea var. europaea) situa-se na antiga quinta Morgado do Quintão, uma propriedade vinícola fundada no início da década de 1810 pelo Conde de Silves, atualmente na posse dos seus descendentes. Situa-se em Estômbar, Lagoa, Faro.

Esta árvore sobrevive com resiliência há 2.000 anos, muito antes da fundação da quinta, e coabita com inúmeras outras espécies, das quais muitos exemplares antigos – incluindo oliveiras milenares, amendoeiras, figueiras, sobreiros, alfarrobeiras, entre outras.

Com uma altura de cinco metros e um perímetro de tronco de quatro metros, raro será aquele que por ali passou e que não tenha estado sentado à sombra deste magnífico exemplar, quer seja para uma simples pausa, para um piquenique e até para uma prova de vinhos.

Esta oliveira já com idade avançada continua a produzir azeitona, contribuindo ainda para a produção de azeite da propriedade.

9. Oliveira Real

Distrito de Faro

Coordenadas: 37°05’45.4″N 7°40’40.9″W

Foto: Vasco Queiroga

Situada no Aldeamento Pedras d’el Rei, na freguesia de Santa Luzia, em Tavira, Faro, a “Oliveira Real” (Olea europaea subsp. europaea var. europaea) tem 2.225 anos e está classificada como “Árvore de Interesse Público” desde 1984.

Contemporânea da civilização romana, esta árvore com 10,3 metros de altura e 11 metros de perímetro de tronco resistiu a muitos séculos de história. Pode dizer-se que assistiu a toda a história de fundação no nosso país.

A sua dimensão e beleza não deixam ninguém indiferente e apesar da sua idade, encontra-se em excelente estado vegetativo. O seu tronco enrodilhado e oco, capaz de albergar uma pessoa no seu interior, dão-lhe um toque de beleza invulgar.

Para abraçar o seu tronco oco são necessários cinco homens e a cavidade formada no seu interior tem um diâmetro médio de 1,30 metros. A sua copa estende-se por um raio de cinco metros, sobre o tronco principal.

E finalmente, depois da visita ao Algarve, é necessário apanhar o avião com destino aos Açores, para conhecer o décimo candidato a concurso:

10. O Metrosídero do Campo de São Francisco

Distrito de Ponta Delgada

Coordenadas: 37°44’15.8″N 25°40’22.3″W

Foto: Direcção Regional dos Recursos Florestais – Ponta Delgada

Este magnífico exemplar centenário (Metrosideros tomentosa sinónimo de Metrosideros excelsa), da família Myrtaceae, tem 125 anos de idade, e pode ser visitado no Campo de São Francisco em São Miguel, Ponta Delgada.

O “Metrosídero do Campo de São Francisco”, com 18 metros de altura e 8 metros de perímetro de tronco, é considerado uma das mais antigas árvores da região.

Dada a sua idade avançada, assim como a sua copa densa e pesada, os ramos desta árvore encontram-se amparados por cabos de suporte, de modo a ajudar a árvore a suportar o peso dos seus ramos, garantindo ao mesmo tempo a preservação do espécime.

Nos anos 60, do século passado, esta árvore terá foi classificada como “Árvore de Interesse Público”, pelos Serviços Florestais de Pontal Delgada, como forma de a defender e resguardar de um possível abate e assim passou a figurar da lista de “árvores classificadas”.


Agora é a sua vez.

Agora que já conhece um pouco melhor cada uma das árvores a concurso, escolha duas das árvores candidatas e vote. Eu já votei!

A votação é feita online e decorre até 5 de janeiro de 2022, às 23h59. E a vencedora será anunciada no dia 6 de janeiro e será a representante no concurso “European Tree of the Year 2022”.

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