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Abutre-preto. Foto: Francesco Veronesi / Wiki Commons

Festival ObservArribas convida a ver abutres-pretos e a passar tempo na natureza

08.05.2025

Conseguir ver abutres-pretos, o maior abutre europeu, e tartaranhões-caçadores, uma das aves mais ameaçadas de Portugal, é só uma das razões para participar no Festival ObservArribas, de 9 a 11 de Maio no Parque Natural do Douro Internacional.

Todos temos aquelas espécies que, um dia, gostávamos muito de conseguir ver. Talvez o abutre-preto e o tartaranhão-caçador façam parte da sua lista.

No fim-de-semana de 9 a 11 de Maio pode ter a sua oportunidade na 5ª edição do festival ObservArribas, em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), área protegida com 86.834,82 hectares que inclui os troços fronteiriços dos rios Douro e Águeda e os planaltos dos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro.

“No PNDI encontra-se uma das mais importantes comunidades de aves rupícolas da Península Ibérica, que inclui espécies ameaçadas, como é o caso do britango, a águia-de-bonelli, a águia-real, a gralha-de-bico-vermelha, a cegonha-preta e o falcão-peregrino”, segundo os organizadores do evento.

Entre as dezenas de actividades à sua espera estão saídas de campo de três horas cada uma para observar abutres-pretos e tartaranhões-caçadores, a cargo da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural. Ambas decorrem na zona de Mogadouro, localidade que este ano concentra a maioria das actividades do Festival.

Além de saídas de campo, o ObservArribas inclui oficinas para crianças, passeios de BTT e de barco, um curso de introdução à observação de aves, ateliers de pintura, mesas-redondas sobre turismo de natureza e animação cultural.

“Este é um festival muito relevante por promover a importância da conservação da natureza, da promoção de um desenvolvimento sustentável dos territórios e de um sentido de pertença das comunidades locais”, disse à Wilder Sandra Sarmento, Diretora Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte. 

As primeiras três edições do Festival aconteceram de 2017 a 2019, organizado no âmbito do projecto LIFE Rupis (que trabalhou para conservar o abutre-do-egipto e a águia-perdigueira de Junho de 2014 a Novembro de 2020). Depois de quatro anos de interregno, o festival regressou em 2024 com nova organização, que reúne vários parceiros e que tem um carácter rotativo entre os municípios do Parque Natural.

“Ao longo do tempo, o evento foi-se aprimorando, reunindo hoje o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os municípios, as organizações não governamentais de ambiente que operam na região e a academia. Todos se organizaram para propor um programa apelativo (…) tanto para que vive na região como para quem nos visita”, acrescentou Sandra Sarmento.

O Festival, cuja data coincide com o aniversário do Parque Natural – criado a 11 de Maio de 1998 -, é um “momento de celebração do belíssimo património natural e cultural, das tradições, e de ligação à natureza”.

Segundo Sandra Sarmento, o Festival foi “feito a pensar nas comunidades locais, trabalhando o seu sentido de pertença e de orgulho, mostrando-lhes que vale a pena lutar pelo seu território”. Mas este evento também foi idealizado a pensar em quem não o conhece ainda, de forma a conseguir “criar uma conexão com o que a natureza tem de fantástico através de momentos específicos, como os passeios de natureza”.

A responsável lembrou que o Douro Internacional é uma “área protegida única, muito relevante, com uma avifauna muito rica, paisagens únicas e culturas e tradições que merecem atenção”.

Ainda que as actividades aconteçam no centro da cidade de Mogadouro e em outras aldeias e municípios do Parque Natural, este ano, o epicentro do Festival será o Parque Urbano da Ribeira do Juncal. Ali destaca-se a Ribeira do Juncal onde está instalado o primeiro Laboratório de Rios do Nordeste Transmontano, onde é possível ver diferentes técnicas de engenharia natural.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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