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Vaca-loura. Foto: Universidade de Aveiro

Este fim-de-semana há passeios ao pôr-do-Sol para procurar a vaca-loura

18.06.2019

O Fim-de-semana da Vaca-loura, de 21 a 23 de Junho, quer mostrar às pessoas o maior escaravelho da Europa e dar ideias sobre como todos podemos ajudar a conservar esta espécie emblemática.

Esta é a melhor altura do ano para ver vacas-louras (Lucanus cervus) em Portugal.

Vaca-loura. Foto: João Gonçalo Soutinho

É entre Maio e Agosto que os escaravelhos voam enquanto adultos, tendo acabado a metamorfose. Para trás ficaram três a quatro anos de vida enquanto lagartas dentro de madeira morta, alimentando-se de raízes de carvalhos que morreram ou têm partes mortas. Por isso, são animais que ajudam a regenerar a floresta.

“Escolhemos este fim-de-semana porque coincide com o pico de registos que recebemos, havendo assim uma maior probabilidade de ver vacas-louras”, explicou hoje à Wilder João Gonçalo Soutinho, coordenador do projecto VACALOURA.pt. Desde 2016 que esta iniciativa 100% voluntária faz censos de monitorização para tentar perceber qual a situação populacional do escaravelho em Portugal.

O Fim-de-semana da Vaca-loura organiza passeios interpretativos em cinco locais do país, onde é mais provável encontrar-se as vacas-louras: Vizela (22 de Junho), Lousada (21 de Junho), Santa Cruz da Trapa (21 de Junho), Canelas (Estarreja, 21 de Junho) e Sintra (22 de Junho).

“Os locais foram escolhidos por serem sítios com forte probabilidade de encontrar a espécie, em especial Lousada e Canelas”, acrescentou o responsável.

A actividade começa às 20h00 com uma conversa sobre a vaca-loura e o projecto de monitorização que está a decorrer. Depois, segue-se um pequeno passeio interpretativo onde os peritos vão ajudar as pessoas a encontrar este escaravelho e esclarecer todas as dúvidas.

Vaca-loura. Foto: Andrew Butko/Wiki Commons

Os passeios, gratuitos mas de inscrição obrigatória, vão acontecer ao anoitecer, em zonas florestais ou no limiar da floresta. “O percurso terá cerca de 500 metros, ou um pouco mais, e durará cerca de uma hora”, adiantou João Gonçalo Soutinho.

Além de ver o escaravelho, os participantes vão ficar a saber como se faz a monitorização desta espécie.

O VACALOURA.pt começou em 2016 e até agora já conseguiu saber mais sobre a distribuição da espécie em Portugal, especialmente com a ajuda de cidadãos cientistas.

A vaca-loura – espécie protegida pela Directiva Habitats e pela Convenção de Berna sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa – está classificada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como Quase Ameaçada.

Em Portugal sabe-se que tem vindo a perder muito do seu habitat, com a redução dos carvalhais e dos soutos. Conhecer a dimensão do problema é um dos grandes objectivos do VACALOURA.pt.

Em 2018, este projecto de Ciência Cidadã registou mais de 500 indivíduos, graças à ajuda de mais de 300 cidadãos.

Vaca-loura. Foto: Universidade de Aveiro

Este ano, os trabalhos começaram em Maio. “O censo está a correr bem”, contou João Gonçalo Soutinho. “No final de Maio houve um pico bastante interessante, naqueles dias especialmente quentes, mas a verdade é que desde então os dias não têm estado muito propícios.”

Até agora, o censo de 2019 já tem mais de 130 registos. Um número que deverá subir depois deste fim-de-semana.

De acordo com o responsável, a ideia é que a iniciativa do fim-de-semana da Vaca-loura se repita nos próximos anos e em outros países da Europa.

Quem quiser participar basta inscrever-se aqui e depois receberá toda a informação necessária.  

O Fim de semana da Vaca-loura é uma iniciativa do VACALOURA.pt coordenado em parceria pela Associação Bioliving, a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), a Sociedade Portuguesa de Entomologia (SPEN) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).



Saiba mais.

Uma ilustradora portuguesa venceu o prémio Illustraciencia 2018 com um trabalho dedicado à vaca-loura.


Agora é a sua vez.

Saiba aqui como pode criar refúgios para os escaravelhos.

Torne-se um perito e saiba aqui onde e como ver vacas-louras em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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