A resposta de Helena Gonçalves, curadora da coleção de Peixes, Anfíbios e Répteis do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.
Os lagartos, assim como as cobras, trocam a pele por completo e de uma só vez através de um processo chamado muda. Este processo é essencial para o seu crescimento e sobrevivência.
A pele dos lagartos não estica para se adaptar ao crescimento, uma vez que as escamas que a cobrem são bastante duras.
Assim, ao longo da sua vida, os lagartos mudam regularmente a pele que cobre o corpo, ajustando-a ao crescimento do esqueleto e dos órgãos internos.
A primeira etapa consiste na formação de uma nova camada de pele debaixo da camada antiga. Quando a nova camada está totalmente formada, a camada antiga começa a soltar-se, normalmente a partir da cabeça. É frequente a observação de lagartos a esfregarem o corpo contra superfícies ásperas para ajudar a remover a pele antiga.
Este processo permite também a mudança de coloração que, em muitas espécies, é marcadamente distinta nos juvenis (como é, por exemplo, no caso do sardão, Timon lepidus).
Além disso, durante a muda o animal liberta-se de ectoparasitas que estavam presentes na pele e renova a camada externa que pode estar danificada ou desgastada.
A frequência da muda pode variar entre as diferentes espécies de lagartos e depende de vários fatores como idade, alimentação, condição física e condições ambientais.