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Projeto de recuperação de souto na Serra da Estrela nomeado para financiamento europeu

02.05.2024

O “Soito do Futuro” é um de cinco projetos a nível mundial que concorrem a um financiamento da European Outdoor Conservation Association (EOCA) de 30 mil euros, numa votação pública que decorre até 8 de Maio.

O projecto, da Associação Veredas da Estrela, pretende plantar e regenerar 9000 árvores numa área ardida no grande incêndio de 2022 na Serra da Estrela.

Foto: Veredas da Estrela

Além disso, o projeto também prevê organizar caminhadas temáticas, dias de escola na floresta e a publicação de um inventariado de espécies. 

“Orgulha-nos muito estarmos entre os cinco projetos de mais de 300 candidaturas de todo o mundo que chegaram à fase de votação pública”, comentou, em comunicado, Corinna Lawrenz, presidente da associação. “Ganharmos esse financiamento seria um passo enorme rumo a ecossistemas e comunidades mais resilientes.“

A Veredas da Estrela foi fundada como iniciativa comunitária após o incêndio de 2022 que atingiu metade da área das aldeias de Figueiró e Freixo da Serra (Gouveia) no norte do Parque Natural. Em 2023, a associação adquiriu um bosque de castanheiros de 10 hectares com o objetivo de o restaurar e transformar num espaço que concilie a conservação ecológica com um uso sustentável pela comunidade.

Plantação de soito. Foto: Veredas da Estrela

Até aos anos 1950 os soutos não só tinham um papel crucial para a economia da região e a alimentação das famílias, mas também mantinham altos níveis de biodiversidade. No entanto, dois incêndios consecutivos ameaçam a conservação desses ecossistemas.

Com o projeto “Soito do Futuro – A Chestnut Forest for the Future” a Veredas da Estrela pretende “quebrar o ciclo vicioso dos incêndios, tornando a paisagem mais resiliente aos fogos e aos efeitos das alterações climáticas. Isso inclui tanto a conservação ambiental, como a recuperação de variedades antigas para alimentação da comunidade e a criação de novas formas de convivência com a floresta”, explicou a associação no comunicado.

Em parceria com os parceiros do projeto – CERVAS, Milvoz, Centro de Ecologia Funcional e plataforma Invasoras.pt da Universidade de Coimbra – serão organizadas caminhadas temáticas que permitem conhecer as várias camadas do souto, dos cogumelos às borboletas noturnas.

Dias de escola na floresta tornarão o bosque um espaço de aprendizagem para os mais novos, envolvendo-os em ações como a construção de caixas-ninho e a criação de um inventariado de espécies.

Foto: Veredas da Estrela

Além de ações de voluntariado para plantação e rega das árvores, pessoas de todas as idades poderão participar nessa atividade de ciência cidadã que recorre a ferramentas digitais para identificação e registo de espécies que resultarão numa publicação.

“Estamos convencidos que é possível fazer diferente e queremos demonstrá-lo com este projeto-piloto aberto à participação de todos”, disse Júlio Teles, vice-presidente da direção e coordenador da intervenção no território. “Cada voto no projeto é também um voto no futuro da Serra da Estrela e das suas comunidades.”

Pode votar no projecto aqui até 8 de Maio. Os restantes projectos a concurso trabalham para conservar orangotangos na Indonésia, para restaurar ecossistemas no Nepal, para conservar uma área protegida no Quénia e para conservar macacos na Colômbia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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