Nove organizações portuguesas de ambiente classificaram a decisão do Governo Regional, quanto ao projeto da estrada das Ginjas, como um sinal de que “a primeira batalha está ganha”.
Estas organizações, que se têm oposto ao projecto de asfaltamento do caminho das Ginjas, na zona do Paúl da Serra, receberam “com ânimo e esperança” as declarações da Secretária Regional de Agricultura e Ambiente, Rafaela Fernandes, “que vieram consolidar a retirada da verba destinada à estrada das Ginjas no Orçamento do Governo Regional da Madeira para 2024”.
O anúncio foi feito numa nota de imprensa conjunta subscrita e divulgada esta semana pelas nove ONG: SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (AAPEF), Associação Natureza Portugal/WWF, GEOTA, FAPAS, Liga para a Proteção da Natureza, QUERCUS, SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia e ZERO.
O projeto de transformação em estrada do caminho das Ginjas, que atravessa uma parte da floresta Laurissilva, tem já vários anos, e desde o seu início que tem recebido oposição da parte dos ambientalistas. Face à confirmação de que o dinheiro orçamentado para estas obras será aplicado este ano noutros trabalhos na ilha, as nove organizações consideraram a notícia “um autêntico balão de oxigénio” que as leva a concluir que “a primeira batalha está ganha”.
As ONG em causa afirmam ainda que a decisão do Governo madeirense deu-se graças ao “trabalho conjunto” que fizeram. Desde o parecer negativo no processo de discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental até, mais recentemente, à entrada de uma ação no Tribunal Administrativo do Funchal para impugnação da Declaração de Impacte Ambiental favorável a esta construção, “que hipoteca o futuro da Floresta Laurissilva, Património Mundial Natural da UNESCO”.
“Esta nossa ação travou para já o projeto e esperamos que esta pausa sirva para que a justiça atue, e que mais tempo traga também maior lucidez aos novos governantes com a tutela da proteção do bem natural da floresta Laurissilva”, comentou Domingos Leitão, diretor executivo da SPEA.
A área alvo do projecto foi alvo de um projecto de conservação realizado entre 2013 e 2017, o LIFE Fura-Bardos, financiado por fundos comunitários, que teve como objectivo regenerar a floresta Laurissilva e reduzir a sua fragmentação.