Investigadores do Centro de Ciências do Mar – CCMAR, da Universidade do Algarve, quantificaram em entre 30 a 59 milhões de euros o valor do serviço de maternidade de peixes que as ervas marinhas da Ria Formosa prestam.
A estimativa do valor da Ria Formosa, lagoa costeira no Algarve com 56 quilómetros de extensão, como maternidade das 12 espécies comerciais de peixe que ali ocorrem aponta para valores entre 30 a 59 milhões de euros, revela um novo estudo científico publicado na revista Ecosystem Services.
Para este estudo, a equipa de investigadores recolheu amostras de peixes ao longo de 17 meses, entre Setembro de 2000 e Janeiro de 2002, em 24 locais da Ria Formosa.
Entre as conclusões agora publicadas está o facto de a densidade e a biomassa das 96 espécies de peixe encontradas na Ria Formosa serem cerca do dobro dentro das ervas marinhas do que fora delas. Igualmente, a produção das espécies comerciais de peixes é duas vezes maior dentro das ervas marinhas.
Karim Erzini, investigador do CCMAR e primeiro autor do estudo, ressalva que o cálculo destes valores não tem em conta a mortalidade por pesca a que estes recursos estão sujeitos. No entanto, estes valores realçam a enorme importância que a Ria Formosa tem para a proteção e desenvolvimento das fases juvenis de peixes que, depois de crescerem, saem da Ria Formosa sustentando as populações costeiras exploradas pela pesca local.
Rui Santos, investigador do CCMAR e autor sénior do mesmo artigo, destacou, em comunicado, os benefícios que as ervas marinhas nos trazem, não só no que respeita aos recursos pesqueiros, mas também no suporte da biodiversidade, purificação da água, proteção costeira e, em particular, no sequestro de carbono e mitigação das alterações climáticas.
No planeta, as lagoas costeiras representam 11% de toda a zona costeira e são maternidades importantes para muitas espécies de peixes.