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Foto: Helena Geraldes/Wilder

LIFE Iberconejo lança bases para avaliar situação do coelho-bravo na Península ibérica

26.09.2023

Depois de mais de um ano de trabalho, as administrações de Portugal e Espanha apresentam hoje um método que dizem ser pioneiro para se conhecer a situação do coelho-bravo na Península Ibérica.

Este marco do projecto LIFE Iberconejo é um “passo essencial para melhorar o estado de conservação das populações desta espécie, que vão sofrendo um declínio drástico em grande parte do território e, simultaneamente, desenvolve metodologias para mitigar ou evitar os danos causados pela espécie na agricultura, quando em excesso populacional”, segundo um comunicado do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O coelho-bravo é uma peça chave dos ecossistemas mediterrâneos, principal presa de espécies icónicas como o lince-ibérico ou a águia-imperial.

Mas, quando em excesso populacional, é considerada a espécie selvagem que mais danos causa na atividade agrícola, segundo o mesmo instituto.

“Obter informação em falta será o ponto de partida racional para uma boa gestão desta espécie e, simultaneamente, o principal desafio do projeto LIFE Iberconejo, no qual estão envolvidas 15 entidades provenientes de todos os setores da sociedade: conservacionistas, cientistas, caçadores, agricultores e administrações públicas.”

As metodologias de monitorização de coelho-bravo foram construídas com base nos contributos de 511 especialistas de Portugal e Espanha, culminando numa série de testes de campo para validação dos modelos.

“São metodologias padronizadas que permitirão identificar variações nas populações de coelho-bravo que podem afetar a conservação de outras espécies ou, por outro lado, evitar os prejuízos em culturas agrícolas ou ainda estabelecer a alertas precoces no início dos surtos de doenças.”

Para a recolha de dados no terreno, o LIFE Iberconejo adaptou a plataforma SMART – Ferramenta de monitorização e informação geoespacial, que permite recolher dados em tempo real e analisá-los à escala ibérica, graças a uma plataforma online projetada por especialistas e que poderão ser adaptadas, no futuro, para acompanhar outras espécies.

“O coelho-bravo é uma das espécies mais difícil de gerir porque possui duas características completamente opostas. Nos últimos 70 anos as populações na península decresceram mais de 90%, no entanto, e ao mesmo tempo, existe superabundância em certas áreas que produzem danos significativos nas culturas agrícolas”, comentou Ramón Pérez de Ayala, director do projecto.

“Graças ao esforço de todos os parceiros e agentes envolvidos neste projeto, estamos a lançar as bases de uma gestão a longo prazo do coelho-bravo que permite preservar seu papel vital ecológico e reduzir os conflitos sociais associados.”

O projeto LIFE IBERCONEJO visa conhecer e melhorar o estado de conservação das populações de coelho-bravo em Portugal e Espanha e, ao mesmo tempo, prevenir os danos que podem causar à atividade agrícola. Desenvolvido na Península Ibérica até Dezembro de 2024, e cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, inclui representantes de todos os agentes sociais envolvidos na sua gestão: administrações, cientistas, associações conservacionistas, agricultores e caçadores.

Coordenado pela WWF Espanha, o projeto tem como parceiros os governos da Andaluzia, Castela-La Mancha e Extremadura, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas de Portugal (ICNF), a Fundação CBD Hábitat , a Associação Natureza Portugal – WWF, Universidade de Castilla-La Mancha (IREC-UCLM), Instituto Nacional de Investigação Ciências Agrárias e Veterinárias (INIAV), Faculdade de Ciências da Universidade do Porto/CIBIO, Agência Estado Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC/IESA), a Fundação Universidade San Pablo CEU, a União dos Pequenos Agricultores e Pecuaristas (UPA), a Real Federação Espanhola de Caça (RFEC) e a Associação Nacional de Proprietários e Produtores de Caça (ANPC).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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