O leitor Paulo Cedovim observou duas cobras em Lamego, no final de Junho, e pediu ajuda na identificação. Guilherme Caeiro-Dias responde.
“Na quinta do meu pai, vi duas cobras a sair de um muro de pedra antiga, que se estavam a enrolar um pouco”, descreveu Paulo Cedovim. “Mal logo elas nos viram, esconderam-se e depois voltaram a reentrar no muro de pedra. Gostaria de saber que tipo são essas cobras”, pediu o leitor.
Trata-se da espécie cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis).
Espécie identificada por: Guilherme Caeiro Dias, primeiro autor do estudo que elevou ao estatuto de espécie a lagartixa-lusitânica (Podarcis lusitanicus), antigo aluno de doutoramento no CIBIO-InBIO, agora a trabalhar na Universidade do Novo México, nos Estados Unidos.
“Nesta foto é possivel ver na parte de trás da cabeça (atrás dos olhos) uma mancha escura em forma de “U” invertido: a ‘ferradura'”, indicou este investigador.
A cobra-de-ferradura é uma espécie bastante comum em Portugal. Tem muito mau feitio mas é inofensiva para o ser humano.
É uma cobra que está activa da Primavera ao Outono. “Aparece em diversos habitats, desde que quentes e pedregosos, chegando a viver nos jardins das cidades”, segundo o guia Anfíbios e Répteis de Portugal (2017). Alimenta-se principalmente de répteis, aves e micromamíferos.
Segundo o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal (2010), podemos ver esta espécie praticamente em todo o país, menos no Minho, norte de Trás-os-Montes e partes da Beira Litoral. Ocorre também nos arredores da Grande Lisboa, “persistindo facilmente em zonas com forte presença humana”.
Esta espécie não é considerada ameaçada mas algumas populações mais isoladas podem enfrentar problemas. As maiores ameaças à cobra-de-ferradura são a perseguição humana e a morte por atropelamento.
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