O Titã e a Theia – dois cágados-mediterrânicos (Mauremys leprosa), uma das duas espécies selvagens de cágados de Portugal – passaram quase um ano em reabilitação no Zoomarine e foram devolvidos à natureza a 24 de Maio na barragem do Arade, em Silves.
A devolução à natureza aconteceu às 10h00 nas margens da barragem do Arade, pelas mãos dos técnicos do Porto d’Abrigo do Zoomarine, parque aquático temático na Guia, em Albufeira, e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O Titã foi internado a 19 de Junho de 2022, depois de ter sido encontrado prostrado. “O diagnóstico revelou um grave distúrbio eletrolítico, anemia e hipoglicémia; adicionalmente, o seu trato digestivo estava fortemente parasitado e padecia de anorexia”, explicou o Zoomarine em comunicado enviado à Wilder.
“Após meses de fluidoterapia, entubações oro-gástricas, medicação e reabilitação clínica e comportamental, está finalmente apto para regressar ao seu habitat natural”.
Terminada a sua reabilitação, o seu peso passou de 877 para 946 gramas.
A Theia deu entrada no centro de reabilitação pouco depois, a 21 de Agosto de 2022. “Pesava, na altura, 861 gramas e revelou ter anemia e distúrbios eletrolíticos, uma infecção bacteriológica e dificuldades de flutuabilidade.”
“Foi feito um protocolo com um antibiótico apropriado e terminou esta série de tratamentos com probióticos para normalizar a flora intestinal. Após a regularização do seu apetite e comportamento, com a devida confirmação através de análise sanguínea, está finalmente apta para regressar à natureza.”
Hoje, totalmente recuperada, esta fêmea adulta já pesa 909 gramas.
Durante a sua permanência sob cuidados humanos, ambos os cágados foram alimentados com várias espécies de peixe, carnes brancas, hortaliças e, ocasionalmente, minhocas.
“Agora, além de muito bem alimentados e desparasitados, foram marcados com um microchip que permitirá, no futuro, que ambos os espécimes possam ser identificados (caso voltem a ser avistados ou recolhidos), por reabilitadores e investigadores.”
O Porto d’Abrigo do Zoomarine, fundado em Novembro de 2002, foi o primeiro centro de reabilitação criado em Portugal para espécimes aquáticos e integra a rede ABRIGOS, gerida pelo ICNF (e cofundada pelo Zoomarine, em 1999), com vista a dar apoio a espécimes arrojados na costa portuguesa (golfinhos, focas, tartarugas marinhas, entre outros) ou confiscados pelas autoridades portuguesas.
O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) é uma das duas espécies nativas de cágados em Portugal, a par do cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis). Estes cágados estão hoje ameaçados de extinção devido a várias ameaças, incluindo a concorrência de espécies invasoras que são mais agressivas, como a tartaruga-da-Flórida.
São animais fáceis de identificar devido às manchas alaranjadas que têm no corpo e por vezes também por causa do líquido fétido que libertam quando se sentem ameaçados. Este líquido deu aliás origem ao seu nome científico, leprosa.