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Foto: Joana Bourgard

Dia da Terra: Cinco pequenas acções que cada um de nós pode tomar pelo planeta

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Crise da biodiversidade, alterações climáticas, excesso de consumismo e de desperdício. Cada pessoa pode começar a fazer a sua parte. Saiba como.

O Dia da Terra, que se comemora esta sexta-feira, serve para “nos lembrarmos dos desafios que marcam o momento presente e que impactam no nosso planeta”, afirma em comunicado a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Esta organização não governamental (ONG) lembra que “vivemos uma crise climática”, “a vida na Terra está doente” e “esgotamos os recursos depressa demais”, além de que “temos uma pegada ecológica muito acima daquilo que a natureza renova todos os anos”.

Mas ainda vamos a tempo de reverter esta situação, o que passa não só pelas decisões de cada país mas também pelas acções de cada cidadão no dia a dia. Muitas vezes são coisas simples de que já ouvimos falar mas que ficaram esquecidas ou que parecem não ter importância. Pelo contrário.

Fique a conhecer cinco medidas práticas que todos podemos adoptar, de forma a contribuirmos para uma Terra mais verde e mais sustentável até 2030:

1. Menos avião, mais bibicleta

Entre 1990 e 2017, o transporte aéreo foi o sector com maior crescimento das emissões de gases com efeito de estufa, com uma subida de 130%. Apesar de estes serem dados anteriores à pandemia, os voos internacionais estão a recuperar a bom ritmo e tudo indica que as previsões feitas em 2019 continuam actuais: “Apesar das melhorias no que diz respeito ao consumo de combustíveis fósseis, as emissões dos aviões devem ser sete a dez vezes mais elevadas em 2050 do que eram em 1990”, afirmou nessa altura o Parlamento Europeu.

Evitar ao máximo viajar de avião é por isso uma medida importante para se conseguirem baixar as emissões de gases com efeito de estufa para quase metade do que acontece hoje: de 5,7 toneladas de emissões (equivalentes a CO2) que cada pessoa faz hoje por ano, em média, para três toneladas em 2030.

Mas não só. Segundo a Zero, é essencial privilegiar nas deslocações diárias os transportes públicos, tal como andar a pé e de bicicleta em detrimentos dos automóveis. Entre os diferentes meios de transporte, com efeito é o transporte rodoviário que tem mais peso nas emissões de gases: 19,35%.

2. Levar as suas próprias embalagens

“Prefira produtos a granel e leve as suas próprias embalagens, recipientes e sacos quando vai às compras”, propõe a associação liderada por Francisco Ferreira. Esta é uma acção simples, que implica apenas alguma organização, e que irá contribuir para a diminuição dos plásticos e do desperdício de produtos de uso único. A meta avançada para 2030 engloba ainda outros tipos de lixo. O objectivo é reduzir a produção anual de resíduos urbanos para menos 76 quilos por pessoa, em média, passando de 511 quilos anuais por pessoa para 435 quilos.

3. Desperdiçar menos água

O aumento das secas e das temperaturas devido às alterações climáticas já estão a ter efeitos na biodiversidade e na qualidade de vida dos humanos, ameaçando o presente de muitas populações. Mas como lidar com isso? A proposta é reduzir em 25 por cento o consumo total de água por pessoa: dos 186 litros actuais para 140 litros dentro de oito anos. Para aí chegar, segundo a Zero, comece por algumas medidas simples: “repare fugas de água, feche a torneira sempre que não esteja a usar diretamente a água (por exemplo, enquanto se ensaboa no banho), e procure reutilizar a água ao máximo (por exemplo, a água de lavar legumes).”

Mais leguminosas, menos carne

Carne, peixe e ovos representam 16,9 por cento do que consumimos hoje em dia, quando deveriam representar apenas cinco por cento da nossa balança alimentar, lembra a ONG portuguesa, que sugere o alcançar dessa meta para 2030. Por outro lado, a pecuária – em especial a criação de bovinos – contribui também fortemente para as emissões de gases com efeitos de estufa.

O caminho passa por substituir “refeições com proteína animal por refeições com leguminosas, indo buscar inspiração à dieta mediterrânica.”

5. Preferir casas que já estão construídas

As áreas artificializadas em Portugal Continental ocupam hoje já “cerca de cinco por cento do território, ou seja, 465 mil hectares”. De forma a evitar que o espaço roubado à natureza e ocupado por essas áreas continue a crescer, “prefira casas que já estão construídas, por exemplo, optando por reabilitar um espaço em detrimento de comprar uma casa nova ou construir uma casa de raiz”, sugere a Zero.

Segundo a associação, deverá ser criado também um mecanismo de compensação, “que obrigue ao restauro de uma área de igual dimensão sempre que se verifique a artificialização de uma nova área”. A meta proposta para daqui a oito anos é “garantir que um por cento do total do território de Portugal Continental hoje artificializado é restaurado e devolvido à natureza, preservando a biodiversidade”.


Saiba mais.

Quer fazer mais? Veja aqui outras cinco sugestões do que pode fazer para contribuir para um futuro melhor da Terra.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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