A leitora Elsa Sousa fotografou esta lagarta a 28 de Setembro nas serras do Porto, zona da Foz do Sousa, e quis saber qual a espécie a que pertence. Eduardo Marabuto responde.
“Avistada no parque das serras do Porto, zona da Foz do Sousa, Gondomar. Não tenho certeza se será uma das famosas lagartas do pinheiro”, escreveu a leitora à Wilder.
Trata-se de uma lagarta da borboleta Macrothylacia digramma.
Espécie identificada e texto por: Eduardo Marabuto, entomólogo.
Trata-se de uma lagarta de Macrothylacia digramma (família Lasiocampidae), que é uma espécie de voo primaveril. Passa, no entanto, quase o ano todo sob a forma de lagarta que é também a fase que hiberna.
Em Portugal apenas pode ser confundida com outra espécie do mesmo género, Macrothylacia rubi que, apesar de ter um ciclo de vida semelhante, tem uma distribuição mais nortenha e pequenas diferenças ao nível do tamanho dos pelos do corpo e coloração mais arruivada.
Em vários aspectos difere da ‘lagarta do pinheiro’, Thaumetopoea pityocampa: 1) altura em que aparece (na generalidade das populações, a lagarta do pinheiro apenas é visível em finais de inverno e primavera quando desce dos pinheiros e procura um local para completar a metamorfose), 2) padrão (a lagarta do pinheiro possui uma fila de vesículas castanhas ao longo do corpo, rodeadas de pelos rijos, tom mais acinzentado e uma cabeça mais escura que o corpo), 3) toxicidade (as Macrothylacia além do mais não provocam alergias de contacto quando manuseadas pela maioria das pessoas, muito menos pela mera aproximação) e 4) comportamento (as Macrothylacia são espécies solitárias e nunca as vemos em grupo ao contrário das Thaumetopoea em que tal quase nunca se verifica.
A Macrothylacia digramma é uma espécie endémica da Península Ibérica e do Magrebe, sendo mais um dos valores naturais de relevante preservação que temos. Encontra na zona do Porto o seu limite norte de ocorrência em Portugal.
Agora é a sua vez.
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