Há 142 milhões de anos, dois dinossauros carnívoros passearam ao longo da praia naquilo que é hoje a Alemanha. Uma bióloga analisou as pegadas fossilizadas e descobriu como era a vida destes animais.
Um é maior, o outro mais pequeno. Não estavam com pressa e avançavam devagar, deixando as suas pegadas na areia molhada. De tempos a tempos escorregavam, porque não devia ser fácil manterem-se direitos na areia molhada. Mas mantiveram o seu caminho sempre em frente.
Algumas vezes, o mais pequeno teve de apressar o passo para conseguir acompanhar o maior. A velocidade média era de 6,3 quilómetros/hora para o maior e 9,7 quilómetros/hora para o mais pequeno. Isto é particularmente lento para um dinossauro carnívoro que conseguia ultrapassar os 40 quilómetros/hora.
Estes e outros detalhes sobre os dois animais que viveram há cerca de 142 milhões de anos foram apresentados pela bióloga Pernille Venø Troelsen, da Universidade do Sul da Dinamarca, em Julho no XIII Encontro Anual da Associação Europeia de Paleontólogos de Vertebrados, em Opole, na Polónia.
As cerca de 50 pegadas estudadas foram escavadas de 2009 a 2011 na Formação Bückeberg, em Münchehagen, a 50 quilómetros de Hanover. Apesar de estas pegadas terem sido muito estudadas do ponto de vista geológico, Pernille foi a primeira a olhar para elas do ponto de vista de um biólogo. “Enquanto bióloga, posso contribuir com conhecimento sobre o comportamento dos animais enquanto indivíduos”, disse a investigadora em comunicado.
Com base nas pegadas, Pernille concluiu que os dois animais mediam, respectivamente, 1.6 metros e 1.1 metros e que, provavelmente, pertenceriam à espécie Megalosauripus. “Isto pode ilustrar dois animais sociais, talvez um progenitor e a cria”, acrescenta.
Pegadas de dinossauros têm sido encontradas em vários países europeus, especialmente em Inglaterra, no Norte da Alemanha e em Espanha, com centenas de pegadas de dinossauros carnívoros que terão vivido há 140-145 milhões de anos. Portugal não é excepção. Em Junho foram descobertos fósseis de um dinossáurio saurópode, que teria 12 metros de altura e 25 metros de comprimento, durante escavações na jazida da Junqueira, em Pombal. Este é um dos maiores exemplares já encontrados na Península Ibérica.