Uma águia-cobreira (Circaetus gallicus) que foi vítima de disparo e esteve mais de um ano em recuperação no Hospital Veterinário da UTAD foi devolvida à natureza a 11 de Maio no Parque Natural do Douro Internacional.
A águia-cobreira, com estatuto de espécie Quase Ameaçada em Portugal, é uma águia grande que se tornou especialista na captura de répteis, daí o seu nome comum.
Segundo o portal Aves de Portugal, “é uma espécie estival, que chega geralmente em Março e parte em Setembro”.
Uma destas águias foi atingida por um disparo e deu entrada no Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) em Agosto de 2019.
Chegou ao Centro “com uma fratura exposta dos metacarpos e uma perfuração ocular com o chumbo a ficar alojado no interior da caixa craniana”, explicou hoje à Wilder Roberto Sargo, médico veterinário naquele centro.
O processo de recuperação seria longo no hospital veterinário onde hoje estão em recuperação 37 animais (31 aves, 5 mamíferos e 1 réptil).
A águia-cobreira foi submetida a cirurgia ortopédica e oftalmológica. “Recuperou bem da fractura, tendo iniciado o processo de reforço muscular dois meses depois. O olho recuperou parcialmente a visão e ao longo dos meses em que esteve internada foram realizados vários testes para aferir a acuidade visual”, acrescentou Roberto Sargo.
“O processo de recuperação física demorou mais de um ano devido à necessidade de substituição das penas que perdeu na asa atingida pelos chumbos.”
Finalmente, na manhã do dia 11 de Maio, a águia-cobreira foi devolvida à liberdade, ao seu habitat natural, no Miradouro de Picões em pleno Parque Natural do Douro Internacional.
A libertação ajudou a assinalar os 23 anos daquela área protegida e contou com a presença, entre outras entidades, do presidente da Comissão de Cogestão e presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, da diretora regional de Conservação da Natureza e Florestas do Norte, Sandra Sarmento, e do primeiro diretor daquele parque natural, Domingos Amaro.
O Parque Natural do Douro Internacional abrange cerca de 87.000 hectares, numa extensão superior a 120 km e integra áreas dos Municípios de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo. Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), esta área protegida é “um verdadeiro santuário da avifauna europeia, onde nidificam espécies emblemáticas como o abutre negro, a águia de Bonelli, grifo, cegonha negra, britango, entre outras espécies ameaçadas de extinção.”