Banner

Imperador-azul (Anax imperator). Foto: ©RuiFelix

Cidadãos ajudaram a descobrir 121 espécies novas para Monsanto

03.07.2015

Num único dia, a 10 de Junho, cidadãos e cientistas estiveram no Parque Florestal de Monsanto e registaram, pela primeira vez, 121 espécies naquele espaço natural. A águia-calçada (Hieraaetus pennatus), o chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus) e o morcego-pigmeu (Pipistrellus pygmaeus) são só algumas.

 

Ao longo do dia inteiro, o BioBlitz Monsanto juntou uma equipa de biólogos e várias dezenas de interessados em aprenderem um pouco mais sobre a biodiversidade do parque florestal de Lisboa. Ao todo, nessa acção foram identificadas 296 espécies. A maioria eram plantas, líquenes, musgos e aves.

 

O BioBlitz Monsanto juntou cientistas e várias dezenas de interessados, à procura de espécies
O BioBlitz Monsanto juntou cientistas e várias dezenas de interessados, à procura de espécies. Foto: DR

 

Mais tarde, os investigadores cruzaram essa informação com outros registos já disponíveis, para perceberem se havia ou não novidades. Por comparação com o documento técnico “Biodiversidade na Cidade de Lisboa: Uma estratégia para 2020”, publicado pela autarquia lisboeta, concluíram que das 296 espécies, 121 não estavam ainda oficialmente associadas ao parque florestal de Monsanto.

Cristina Luís, investigadora e coordenadora do projecto Noite Europeia dos Investigadores, no âmbito do qual aconteceu este bioblitz, explicou à Wilder que no dia 10 de Junho houve 47 espécies de insectos registadas pela primeira vez, em comparação com o documento técnico da autarquia. Entre estas, contam-se a libélula imperador-azul (Anax imperator), o gafanhoto-de-asas-azuis (Oedipoda caerulescens), o escaravelho-do-pescoço-vermelho (Heliotaurus ruficollis) e o escaravelho-de-três-pontos (Lachnaia tristigma).

Quanto ao morcego-pigmeu (Pipistrellus pygmaeus), uma das espécies de morcego mais pequenas da Europa (com um peso médio de seis gramas), foi o único mamífero novo identificado – numa acção de monitorização que se realizou já quase no final do bioblitz, ao início da noite.

Entre as aves, apontaram-se três que ainda não constavam dos registos da autarquia: além da águia-calçada (Hieraaetus pennatus) e do chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus), também o verdilhão (Chloris chloris).

A identificação de espécies pela primeira vez inclui ainda dez moluscos, 34 líquenes e musgos e 26 plantas. Nestas últimas, incluem-se a giesteira-das-sebes (Cytisus grandiflorus), o hipericão (Hypericum perforatum) e o azevém ou erva-jóia (Lolium rigidum).

[divider type=”thin”]Aqui fica a lista de exemplos de algumas espécies registadas pela primeira vez no BioBlitz Monsanto:

Aves: Verdilhão (Chloris chloris); Águia-calçada (Hieraaetus pennatus); Chapim-de-poupa (Lophophanes cristatus)

Plantas: Aristolóquia (Aristolochia paucinervis); Giesteira-das-sebes (Cytisus grandiflorus); Hipericão (Hypericum perforatum); Azevém ou erva-jóia (Lolium rigidum)

Mamíferos: Morcego-pigmeu (Pipistrellus pygmaeus)

Borboletas Nocturnas: Palpita vitrealisRhodometra sacraria; Tyta luctuosaEthmia bipunctellaWatsonalla uncinula

Libélulas: Imperador-azul (Anax imperator)Sympetrum striolatumIschnura graellsii

Líquenes e musgos: Evernia prunastriTeloschistes chrysophthalmusPertusaria pertusaScorpiurium circinatumBryum capillareDicranoweisia cirrata

Moluscos: Cochlicella barbaraOtala lacteaRumina decollata

Gafanhotos, Grilos e Ralos: Gafanhoto-de-asas-azuis (Oedipoda caerulescens); Pezotettix giornae; Phaneroptera nana

Coleópteros: Escaravelho-do-pescoço-vermelho (Heliotaurus ruficollis); Escaravelho-dos-3-pontos (Lachnaia tristigma); Oxythyrea funesta

Cigarras, Cigarrinhas e Percevejos: – Percevejo-dos-ombros-comum (Carpocoris fuscispinus); Percevejo-da-couve (Eurydema ornata)

Outros Insectos: Empusa pennataLoboptera decipiens

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

Don't Miss