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Um escaravelho totalmente diferente descoberto na África do Sul

07.05.2015

Entre a vegetação densa das zonas húmidas nos arredores da Cidade do Cabo, África do Sul, foi encontrada uma nova espécie de escaravelho de água (Capelatus prykei). A descoberta acaba de ser publicada na revista “Systematic Entomology”.

Este escaravelho, que mede entre oito e dez milímetros, é muito diferente de qualquer outro escaravelho de água do planeta. “O Capelatus prykei parece estranho desde o primeiro momento, totalmente diferente de qualquer outro escaravelho de água conhecido”, diz David Bilton, da Universidade de Plymouth. “É relativamente comum descobrir novas espécies de escaravelhos, mas é muito menos comum encontrar coisas tão diferentes ao ponto de serem colocadas num novo género”, acrescenta.

A equipa de Bilton – da qual faz parte o entomólogo Clive Turner e colegas do Museu de Zoologia de Munique – fez análises genéticas e concluiu que os animais mais próximos do Capelatus vivem a milhares de quilómetros de distância (no Mediterrâneo e na Nova Guiné) e que a última vez que partilharam um antepassado comum foi há cerca de 30 milhões de anos atrás.

“Este escaravelho é uma verdadeira relíquia da evolução que parece ter sobrevivido apenas numa área muito pequena perto da Cidade do Cabo, provavelmente porque esta região teve um clima relativamente estável durante os últimos milhões de anos”, comenta o investigador.

Hoje, o Capelatus é extremamente raro. “Na verdade, apenas conhecemos uma população, dentro do Parque nacional Table Mountain”, disse Bilton. Por isso, os autores do artigo sugerem que deve ser atribuída à espécie um estatuto provisório de Criticamente Ameaçada, da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN).

Este cientista começou a estudar os escaravelhos de água daquela região no âmbito de trabalhos de campo anuais de alunos da Universidade de Plymouth à África do Sul. Nos últimos cinco anos encontrou dezenas de novas espécies.

Esta região alberga um dos maiores hotspots de biodiversidade do planeta e nela vivem 20% das espécies de plantas de toda a África sub-Saariana. Aqui existe um elevado número de espécies endémicas de répteis, anfíbios, peixes de água doce e insectos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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