Há nove milhões de anos vivia na Península Ibérica um carnívoro do tamanho de uma leoa, o Magericyon anceps. Através do estudo de fósseis, paleontólogos espanhóis descobriram que este animal era um dos grandes predadores desta região, onde também viviam ursos, mastodontes, tartarugas gigantes e girafas, foi hoje revelado.
Esta espécie de carnívoro já extinta foi descrita pela primeira vez em 2008, com base nos fósseis descobertos no Cerro de los Batallones, 30 quilómetros a Sul de Madrid, em Espanha. Teria 200 quilos de peso e partilhava o habitat com outros grandes carnívoros.
Uma equipa de paleontólogos do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) e da Universidade de Alcalá descobriu agora que este carnívoro do Mioceno Superior (época que vai desde há 11 milhões de anos a cinco milhões de anos) era um “predador extremamente eficaz”, segundo um comunicado do Conselho espanhol Superior de Investigação Científica (CSIC) enviado hoje à Wilder. Para chegar a esta conclusão, a equipa estudou a morfologia do crânio e as vértebras cervicais fossilizadas, com a ajuda de tomografias computorizadas e modelos a três dimensões.
“Conseguimos estudar as articulações entre as vértebras e entre estas e o crânio, quase como se tivéssemos um esqueleto real”, acrescentou Mauricio Antón, paleontólogo e ilustrador científico.
“As análises revelam que esta espécie fóssil tinha um pescoço dotado com uma forte musculatura que lhe permitia realizar potentes movimentos laterais e rotativos com a cabeça e assim matar e descarnar as suas presas”, explica o comunicado.
Segundo Manuel Salesa, investigador do MNCN-CSIC, “os músculos do pescoço do M. anceps tinham um papel importante na estabilização da cabeça e extensão do pescoço, o que fazia com que este carnívoro fosse muito eficiente na hora de matar e consumir a sua presa”.
O facto de dividir o seu habitat com outros grandes carnívoros terá influenciado o seu comportamento. “Tinha de ser rápido, não apenas para surpreender as suas presas mas também para evitar que outros predadores roubassem o que tinha caçado”, diz Gema Siliceo, investigadora da Universidade de Alcalá.
Até ao momento só se encontraram fósseis do Magericyon anceps nas jazidas do Cerro de los Batallones. E estes são muito abundantes e estão muito bem conservados, o que ajuda a estudar a espécie.