O sisão (Tetrax tetrax) foi declarado a Ave do Ano 2017 em Espanha, pela Sociedade Espanhola de Ornitologia, anunciou a organização, que faz parte da federação Birdlife International.
“Com isto, esta sociedade científica e conservacionista inicia um ano de acções destinadas a melhorar o estado de conservação desta espécie, típica de ambientes agrícolas”, adianta a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO).
Em Portugal, o sisão faz parte do grupo das chamadas aves estepárias e é uma presença conhecida nas planícies alentejanas, principalmente na época de reprodução, devido à plumagem e às vocalizações características que os machos emitem nessas alturas.
No entanto, é também uma das aves “que mostram tendências populacionais mais negativas”, lembra a SEO. Os últimos dados provisórios obtidos no II Censo Nacional do Sisão, que está em fase de conclusão em Espanha, mostram que a população caiu para metade nos últimos 10 anos.
“Se continuar assim, esta ave aproxima-se perigosamente da extinção”, alerta a organização espanhola.
Essa preocupação é partilhada com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, em Portugal, onde o último censo realizado mostrou um declínio superior a 50% das populações de sisão nos últimos 10 anos. A espécie é considerada como Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, à semelhança da classificação em Espanha (no Catálogo Espanhol de Espécies Ameaçadas), tal como na Lista Vermelha das Aves da Europa.
Semelhante a uma pequena abetarda, com 700 a 900 gramas de peso, o sisão já esteve espalhado pela Europa Ocidental, em países como a Alemanha, a Áustria e a Grécia, e pelo Noroeste de África, chegando até às estepes da Ásia Central. Mas hoje em dia, de acordo com a SEO, ocorre apenas em Portugal, Espanha, França e Sardenha e ainda no Leste da Europa, a partir do Sul da Rússia. Conhece-se também uma pequena população em Marrocos.
Em território espanhol, as populações de sisão são “as mais importantes da Europa”, apenas comparáveis com os números observados na Rússia e no Cazaquistão.
“Trata-se de uma das aves mais emblemáticas da Península Ibérica e precisa de ajuda”, apela a directora executiva da SEO, Asunción Ruiz, lembrando que era “habitual nos campos dos nossos avós”. “A sua presença reduziu-se e pode ser que os nossos filhos nunca cheguem a vê-la.”
O sisão destaca-se pela parada nupcial na época de procriação, que acontece na Primavera. Os machos batem ruidosamente com as patas no chão, abrem a cauda em forma de leque e levantam as penas do pescoço, emitem um chamamento característico.
Mas esta ave não é a única típica dos campos de cultivo que está em declínio. Também a codorniz-comum (Coturnix coturnix), o picanço-real (Lanus meridionalis) e a escrevedeira-amarela (Emberiza citrinela) têm registado evoluções preocupantes, avisa a SEO.
Principais ameaças? A destruição e transformação dos campos de cultivo e das pastagens, que estão ligadas à aposta na agricultura intensiva e ao abandono dos campos.
Em causa estão, por exemplo, a substituição dos terrenos agrícolas de sequeiro por outras culturas como olivais, amendoeiras, vinha e regadios e o aumento do uso de insecticidas, que afectam as espécies das quais se alimentam o sisão e outras aves características destes habitats.
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No portal Aves de Portugal, fique a saber onde observar estas aves, em território português.
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