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Mais de 10.000 texugos abatidos em três meses em Inglaterra

19.12.2016

Mais de 10.000 texugos (Meles meles) foram abatidos neste Outono em Inglaterra, no âmbito do controverso plano governamental de abate destes animais, para tentar travar a tuberculose que afecta o gado, foi revelado na sexta-feira passada.

 

Entre 29 de Agosto e 18 de Outubro foram realizados abates nas regiões da Cornualha, Devon, Dorset, Gloucestershire, Herefordshire e Somerset. Morreram 10.886 texugos, segundo um relatório divulgado na sexta-feira pelo Governo britânico. Desde que o plano de abate começou, em 2013 – inicialmente em duas regiões -, já foram abatidos 14.800 animais no total.

O relatório propõe ainda o prolongamento do abate de texugos além dos quatro anos inicialmente previstos.

Segundo o jornal The Guardian, no ano passado tiveram de ser abatidos 28.000 animais infectados pela tuberculose bovina, sendo este um grave problema para muitos agricultores em Inglaterra. O Governo britânico decidiu que o abate de texugos ajuda a controlar a doença, dado que estes animais podem ser transmissores. Mas um período de testes ao abate destes animais concluiu que esta estratégia não traz uma contribuição significativa para controlar a doença em Inglaterra. “Não há qualquer base para tirar qualquer conclusão sobre a eficácia destes abates”, disse ao jornal britânico Rosie Woodroffe, da Zoological Society of London.

“Podíamos matar todos os texugos em Inglaterra que a tuberculose bovina iria continuar a espalhar-se por causa de testes ineficazes à doença, excessivo transporte de gado e fracos controlos sanitários”, comentou Dominic Dyer, director-executivo do Badger Trust, citado pelo The Guardian.

Por outro lado, o Sindicato Nacional de Agricultores ingleses considera estes abates um sucesso e entende que deveriam ser alargados a outras regiões.

Uma solução alternativa ao abate dos texugos pode ser a sua vacinação contra a doença. O Governo disse que o vai fazer mas só a partir de 2018, por causa da uma quebra dos stocks de vacinas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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