A temporada de reprodução de 2025 nas Galápagos ficou marcada por um marco histórico para uma ave icónica, o caça-moscas-de-darwin (Pyrocephalus nanus), revelou a Fundação Charles Darwin.
O caça-moscas-de-darwin (Pyrocephalus nanus) registou o número recorde de 39 crias em 2025.
Outrora espalhado pelas zonas altas da ilha de Santa Cruz, no arquipélago das Galápagos, o caça-moscas-de-darwin tem vindo a desaparecer nas últimas décadas. A Fundação Charles Darwin estima que restem apenas entre 30 a 50 indivíduos, numa zona restrita.
As maiores ameaças a esta ave incluem plantas exóticas invasoras como a amora-branca (Rubus niveus) e o cestro (Cestrum auriculatum) – que causaram a degradação do habitat-, a predação por ratos e gatos que foram introduzidos na ilha e o parasitismo pela mosca Philornis downsi, introduzida acidentalmente nas Galápagos.
Para reverter este declínio populacional, desde 2014 a Fundação Charles Darwin e o Parque Nacional das Galápagos juntaram esforços numa estratégia de conservação que se tem centrado na remoção de espécies de plantas invasoras, no restauro do habitat e no tratamento dos ninhos destas aves para combater o parasitismo.
Os resultados em 2025 “foram extraordinários, com um número recorde de 39 crias voadoras, 10 casais reprodutores e 27 tentativas de nidificação”, escreve, em comunicado, aquela Fundação. Em 2024 o projecto de conservação tinha conseguido 15 crias.
A Fundação acredita que as aves beneficiaram de se terem começado a reproduzir mais cedo, devido ao tempo mais quente, com ovos a aparecer ainda em Novembro e as crias a eclodir antes do Natal. Ainda assim, acrescenta, “é claro que os nossos continuados trabalhos de restauro do habitat florestal de Scalesia tem sido crucial para apoiar este sucesso e sustentar o crescimento da população destas aves”.
Os esforços de restauro expandiram-se em 2024 a mais sete hectares, totalizando assim nesta temporada reprodutora 17 hectares limpos de amoras-brancas e de cestros.
“O habitat que está a ser restaurado permitiu às aves procurar alimento de forma mais eficaz, melhorando as taxas de sobrevivência, enquanto a criação de corredores ecológicos ligando esses habitats em recuperação oferece caminhos para as aves se expandirem para novos territórios e encontrar um parceiro.”
“A temporada reprodutora deste ano foi incrível, tendo durado quase seis meses”, comentou, em comunicado, Birgit Fessl, investigadora principal para o programa de conservação das aves terrestres da Fundação Charles Darwin.
“Ver as aves a capturar facilmente insectos no ar, perto do solo numa floresta restaurada, e rapidamente a regressar ao seu ninho para alimentar as crias, sem terem de se afastar demasiado, é uma imagem que nos enche de esperança e de vontade para continuar a restaurar ainda mais área. Cada hectare restaurado aproxima-nos da meta de uma resiliência do ecossistema a longo prazo”, acrescentou.
Actualmente estão registadas nas Ilhas Galápagos um total de 169 espécies de aves selvagens. Destas, 105 são residentes ou migradores regulares.