O Parlamento Europeu aprovou hoje a revisão da Política Agrícola Comum (PAC). Para a Sociedade de Ornitologia Espanhola (SEO/Birdlife) e WWF, Estrasburgo acabou por ceder ao lobby agro-industrial e aprovou a maior redução em medidas ambientais.
A nova PAC “continua sem resolver os problemas do sector como os preços injustos e a competição desleal e vira as costas às explorações sustentáveis”, escrevem as duas organizações em comunicado.
E no final, o campo ficará “ainda mais vulnerável frente ao avanço da desertificação e aos impactos das alterações climáticas”, lamentam.
“A PAC aprovada hoje pelo Parlamento Europeu é um grave retrocesso ambiental e não dá soluções aos problemas reais que o sector enfrenta”, disse Celsa Peiteado, responsável do programa de alimentação sustentável da WWF Espanha.
“O pior não será o impacto imediato que estas reduções podem ter sobre o território mas sim a mensagem dada de que a sustentabilidade ambiental é algo acessório ou caprichoso, quando a conservação dos recursos naturais e dos ecossistemas é crucial também para a viabilidade da produção agrícola a longo prazo”, acrescentou Ana Carricondo, coordenadora de Conservação da SEO/Birdlife.
Uma das medidas que desaparece nesta revisão é o requisito que obrigava a deixar em todos os terrenos de cultivo espaço para sebes, árvores, charcos ou zonas de pousio. Esta medida procurava recuperar a fertilidade das terras e fomentar a biodiversidade para, por exemplo, ajudar os polinizadores. A partir de agora, as explorações que conservem esses elementos naturais deixarão de ser compensadas por esse esforço.
Outra das medidas aprovadas foi a isenção de inspecções para verificar o cumprimento das medidas ambientais e sancionar, se não cumprirem as medidas, as explorações com menos de 10 hectares. No caso de Espanha, afecta 345.000 beneficiários (55% do total). “Esta medida envia uma mensagem de impunidade para as explorações que estão a cometer ilegalidades como o roubo de água”, lembra Celsa Peiteado.
“Esta PAC esquece que sem natureza não há agricultura”, acrescenta. “Estamos a hipotecar os nossos recursos naturais.”
Na opinião da SEO/Birdlife e da WWF, “a supressão das normas que protegem a biodiversidade prejudica a sustentabilidade a longo prazo da agricultura na Europa e favorece as grandes empresas agrícolas que podem baixar ainda mais os preços intensificando ou aumentando a sua produção à custa de impactar negativamente a natureza e a saúde das pessoas”.