As 15 famílias de castores que vivem no rio Otter, em Devon, foram hoje autorizadas pelo Governo britânico a continuar na região, depois de cinco anos de experiência sobre o impacto da sua reintrodução.
Hoje foi conhecida a decisão do Governo britânico sobre os primeiros castores (Castor fiber) a viver em estado selvagem em Inglaterra em 400 anos.
Os castores já foram parte crucial dos ecossistemas em Inglaterra. Mas, no século XVI foram caçados até à extinção por causa da caça pelo seu pêlo, carne e e secreções glandulares.
Em Portugal, os castores tiveram um fim semelhante, entre os séculos XV e XVI.
Tudo começou em 2013 quando foi descoberta uma família de castores no rio Devon. As suas origens continuam por esclarecer.
Inicialmente, a remoção destes animais daquele rio foi uma opção. Mas grupos de conservação da natureza, nomeadamente o Devon Wildlife Trust, entraram em acção e tentaram mostrar que os castores eram europeus, e não norte-americanos. Acabaram por conseguir uma licença para cinco anos de experiência para a reintrodução de castores, o que veio a acontecer em 2015.
Agora chegou a autorização legal. “Os cinco anos de teste trouxeram uma variedade de benefícios para a região e para a ecologia, incluindo a melhoria do ambiente, com a criação de habitats de zonas húmidas e com a redução do risco de inundações”, explica hoje o Governo britânico em comunicado.
Os castores “serão agora autorizados a ficar na região de forma permanente e a continuar a expandir o seu território de forma natural, encontrando novas áreas para se instalarem à medida que precisarem”.
Ao longo destes anos, duas famílias de castores já se têm reproduzido com sucesso e dispersaram-se por 15 territórios.
Recentemente, um estudo da Universidade de Exeter mostrou que os castores alteram a paisagem e os ecossistemas, com a sua capacidade de construir diques nos rios. Desta forma ajudam a reduzir a poluição e melhoram a biodiversidade local, incluindo peixes e anfíbios. Isto porque os seus diques filtram poluentes, evitam a erosão dos solos, ajudam a abrandar a velocidade das cheias e a criar bolsas de armazenamento de água que impedem os rios de secarem durante as épocas de calor.
Peça chave neste processo foi o envolvimento dos agricultores e moradores locais, tendo sido uma aposta da equipa de reintrodução dos castores. “Se os proprietários souberem que há alguém a quem podem telefonar se houver problemas, isso ajuda verdadeiramente”, comentou ao jornal The Guardian Peter Burgess, director de conservação do Devon Wildlife Trust. “Os animais serão mais bem recebidos se for esta a abordagem.”