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“Lutar pela vida selvagem” é a nova campanha mundial contra tráfico de espécies

06.06.2016

A luta contra o comércio ilegal de animais selvagens acaba de receber um novo fôlego com o lançamento ontem da campanha “Lutar pela vida selvagem” (ou “Go wild for life”, em inglês) pelas Nações Unidas no Dia Mundial do Ambiente.

 

A campanha dirige-se aos cidadãos de todo o mundo e pede-lhes para que usem “as suas esferas de influência” para reduzir a procura de produtos ilegais de vida selvagem. Assim estarão a ajudar a combater um dos maiores problemas contemporâneos do mundo natural.

De entre as centenas de espécies selvagens na mira dos caçadores furtivos, as Nações Unidas destacam oito mais problemáticas: orangotangos, tartarugas marinhas, pangolins, tigres, elefantes, rinocerontes, calaus-de-capacete (Rhinoplax vigil) – espécie de ave nativa na península de Malaca e das ilhas de Samatra e Bornéu – e o pau-rosa.

“Os danos causados por este comércio tornaram-se tão graves e tão amplos que é preciso uma acção urgente para os reverter”, comentou em comunicado o director executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), Achim Steiner, justificando assim a escolha do tema para marcar este Dia Mundial do Ambiente.

Os factos não desmentem a premência. Em 2011, uma subespécie de rinoceronte-de-java extinguiu-se no Vietname e os últimos rinocerontes negros ocidentais desapareceram dos Camarões. Os grandes primatas desapareceram da Gâmbia, Burkina Faso, Benum e Togo. “Outros países seguir-se-ão em breve”, salienta o site oficial da campanha.

Actualmente, o tráfico de espécies está a destruir o capital natural de muitos países – e que poderia estar a ser usado para construir uma indústria sustentável de turismo -, está a espalhar a corrupção e a “engordar as carteiras” de grupos criminosos internacionais, salienta a organização.

Para Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, “há um grande motivo para alarme”, uma vez que elefantes estão a ser massacrados pelo seu marfim, os rinocerontes pelos seus cornos e os pangolins pelas suas escamas.

No final de Maio foi lançado o primeiro relatório mundial sobre o tráfico de espécies selvagens, pela UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime). A principal conclusão é que este crime “não está limitado a alguns países ou regiões, mas é um verdadeiro fenómeno global”. O relatório baseia-se nos dados da World WISE, uma plataforma que contém mais de 164.000 capturas de quase 7.000 espécies selvagens em 120 países.

A fim de travar este problema, a campanha “Lutar pela vida selvagem” assenta na ideia de que não devemos permitir que a ganância, moda, ignorância, indiferença, investimento, corrupção, usos pseudo-medicinais e crenças culturais ponham em perigo qualquer espécie de animal, planta ou árvore.

Este ano, Angola foi o país anfitrião das comemorações oficiais do Dia Mundial do Ambiente. Achim Steiner aproveitou para salientar o trabalho deste país, nomeadamente ao encerrar o comércio de marfim dentro das suas fronteiras e ao tomar medidas para impedir para esse marfim saia para outros países.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Explore o site da campanha “Lutar pela vida selvagem”, inspire-se sobre o que pode fazer para ajudar a travar o tráfico de espécies selvagens e faça este quiz para saber que animal seria.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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