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Conheça o top 10 das novas espécies descobertas em 2016

22.05.2017

Uma aranha com a forma de um chapéu de feiticeiro, plantas que sangram, orquídeas que fazem lembrar as representações do diabo e animais com centenas de pés são algumas das espécies do top 10, selecionado por cientistas internacionais de entre as 20.000 descobertas em 2016.

 

Este é o décimo ano que um grupo de cientistas, coordenado por Quentin D. Wheeler, do International Institute of Species Exploration (IISE), faz a lista das 10 espécies mais importantes que foram descobertas para a Ciência no ano anterior. O grande objectivo é lembrar-nos da importância de conhecer e classificar a biodiversidade. A lista é divulgada hoje para celebrar o aniversário de Carlos Linneo, botânico sueco do século XVIII, considerado o pai da taxonomia moderna.

“Ao longo destes 10 anos foram descobertas e nomeadas cerca de 200.000 espécies”, disse Wheeler em comunicado. “Infelizmente, a notícia não se fica por aqui. É preciso lembrar a crise da biodiversidade que vivemos e que faz com que as espécies se extingam sem termos tempo de as descobrir”, acrescentou.

Para Antonio García Valdecasas, investigador do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais e um dos cientistas que elaboraram este top10, “casa espécie é um tesouro com diferentes estratégias de sobrevivência (…). Ordená-las por parentesco, dar-lhes um nome e conhecer a sua forma de vida e áreas de distribuição é a única forma possível de entender o desenvolvimento da vida no nosso planeta e aprender a protegê-la”.

A comunidade científica estima que ainda estejam por descobrir cerca de 12 milhões de espécies, cinco vezes mais do que as que já se conhecem. No ano passado foram descobertas 20.000. Estas foram as consideradas mais importantes:

 

Foto: Sumukha J. N.

Eriovixia gryffindori

O que é: Esta pequena aranha, com menos de dois milímetros de comprimento, deve o seu nome ao chapéu do feiticeiro Godric Gryffindor, uma das personagens da saga de Harry Potter, criada por J. K. Rolling. Até agora apenas se tinham descoberto fêmeas desta espécie, cujas formas e cores servem para se camuflar entre as folhas secas e caídas no chão da floresta, durante o dia.

Onde vive: Acredita-se que esta espécie nocturna é endémica das florestas húmidas da zona centro-ocidental da Índia.

 

Foto: Peter Kirk

Eulophophyllum kirki

O que é: este gafanhoto, perito na arte da camuflagem, foi descoberto quando os investigadores procuravam tarântulas e serpentes no Bornéu. A fêmea aproveita a sua cor e capacidade de mimetismo (tanto o corpo como as patas parecem folhas) para se esconder na folhagem. Mede cerca de quatro centímetros.

Onde vive: nas florestas do Bornéu.

 

Foto: Georg Fischer

Pheidole drogon

O que é: É uma formiga com espinhas dorsais. Estudos recentes sugerem que estas não são um mecanismo de defesa mas sim uma forma de sustentar os músculos encarregados de suster a cabeça e as mandíbulas, especialmente grandes no caso das formigas soldado. Estas mandíbulas são essenciais para as formigas conseguirem triturar as sementes das quais se alimentam.

Onde vive: Esta é uma das duas espécies de formigas espinhosas descobertas na Papúa-Nova Guiné.

 

Foto: Kevin Rowe, Museums Victoria

Gracilimus radix

O que é: É um ratinho omnívoro cinzento acastanhado, com orelhas arredondadas e pêlo curto. Deve o seu nome ao facto de se alimentar de raízes. Esta espécie pode ser uma boa prova da inversão evolutiva, uma vez que é a única entre as suas parentes, estritamente carnívoras, que mantém uma dieta variada.

Onde vive: nas ilhas Celebes, na Indonésia.

 

Foto: Siriwut, Edgecombe e Panha

Scolopendra cataracta

O que é: É uma centopeia negra, com 20 pares de patas e que pode atingir os 20 centímetros de comprimento. É a primeira espécie de centopeia que se conhece ser capaz de se submergir na água e deslocar-se da mesma maneira que o faz em terra firme.

Onde vive: Laos. Mas a situação da sua população é muito preocupante porque o seu habitat está a desaparecer rapidamente, devido ao aumento da actividade turística na área.

 

Foto: Marcelo R. de Carvalho

Potamotrygon rex

O que é: É uma grande raia de água doce. Os maiores exemplares podem pesar 20 quilos. É de cor escura, acastanhada, e com manchas amarelas e alaranjadas.

Onde vive: no rio Tocantins, no Brasil. E em mais lugar nenhum do planeta.

 

 

 

 

Foto: Jason T. Cantley

Solanum ossicruentum

O que é: Quando amadurecem, os frutos deste arbusto são duros, como se fossem ossos. Ao cortá-los, a planta parece sangrar. Estas características serviram para lhe dar o nome ossicruentum, que quer dizer, osso sangrento. Os botânicos conhecem a espécie desde há 50 anos mas, erradamente, era considerada uma variação da espécie Solanum dioicum.

Onde vive: Austrália.

 

Foto: Paul Marek, Virginia Tech

Illacme tobini

O que é: os milípides Siphonorhinid têm o recorde de número de patas, com 750. Mas este número pode ser ultrapassado pela espécie Illacme tobini. Este animal recentemente descoberto tem 414 mas continua a acrescentar segmentos de corpo com as patas correspondentes durante a sua vida.

Onde vive: em pequenas fissuras debaixo da superfície do solo no Parque Nacional Sequoia, nos Estados Unidos.

 

Foto: M. Kolanowska

Telipogon diabolicus

O que é: é uma nova espécie de orquídea com uma estrutura reprodutiva derivada da fusão da flor masculina e feminina com um aspecto que faz lembrar as representações da cabeça do diabo.

Onde vive: Classificada Em Perigo Crítico de extinção, a espécie é apenas conhecida no Sul da Colômbia, num bosque de montanha actualmente muito ameaçado pela reconstrução de uma estrada. Só na Colômbia existem cerca de 3.600 orquídeas e centenas de outras ainda estarão por descrever.

 

Foto: Greg Rouse

Xenoturbella churro

O que é: este verme marinho mede 10 centímetros e se alimenta de moluscos. Tem uma cor entre o laranja e o rosa; tem boca mas não tem ânus. Estas criaturas primitivas recordam-nos da incrível biodiversidade que habita nos oceanos.

Onde vive: a mais de 1.700 metros de profundidade no Golfo da Califórnia, Estados Unidos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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